segunda-feira, 31 de maio de 2010

A saga familiar de Leite Derramado


O capítulo 15 do livro Leite Derramado, traz dois trechos que ajudam a focar as atenções nos acontecimentos da época: "Com a minha entrada as duas desconversaram, passaram a falar da iminência de nova guerra na Europa, das levas de refugiados que aportavam no país diariamente: em Copacabana, Maria Violeta, só se ouve falar em alemão e polaco...".
Esse período é o período da Segunda Guerra Mundial, conflito de ordem política, militar, econômica, social e ideológica entre Alemanha e a Europa inteira. Os refugiados citados no texto, eram do mundo inteiro, onde alguns se fixaram no Brasil.
"Da babá ao portuguesinho do armazém, todos sabiam de sua mãe, desavorada, tinha partido sem deixar um bilhete ou fazer a mala. Mas abandonar uma criança ainda lactente, pequerrucha, de segurar debaixo do braço, isso não entrava na cabeça de ninguém, não fazia sentido, não podia ser."
A presença do capitalismo fica nítida. A diferença de classes, o pensamento de enriquecimento, do consumo deixam os pensamentos cheios de valores morais. O preconceito deixa seu rastro, pela maneira de vida da sociedade naquela época.
Basicamente, o livro traz na sua história, uma linhagem de ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senador da Primeira República, até chegar no tataraneto, um garotão do Rio de Janeiro atual.
Uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo como pano de fundo, a história do Brasil nos últimos dois séculos.
Stella Curzio

sábado, 15 de maio de 2010

Interpretação dos capítulos 13 ao 15 - Leite Derramado


Renan Carvalhais

Entre os capítulos 13 e 15 do livro Leite Derramado, o autor Chico Buarque conta a trajetória de seu personagem, Eulálio D’Assumpção, passando por momentos marcantes da história brasileira como a chegada da Missão Francesa e o crescimento econômico das décadas de 1950 e 1960.

Em 1935 chegou ao Brasil uma equipe de professores franceses convidados a formar o corpo docente da Universidade de São Paulo e a integrar grupos de pesquisas em outras áreas. Entre os professores da equipe se destaca Claude Lévi-Strauss que foi um dos principais antropólogos na área dos estudos sobre grupos indígenas. No livro de Chico de Buarque, a referência a tal grupo está na chegada do Dubosc, um francês que veio ao Brasil realizar estudos na área de antropologia e que já havia passado por diversos países estudando grupos indígenas ou tribos desconhecidas. Foi esta vasta experiência de Dubosc com expedições a países diferentes, aliás, que despertou o interesse de Matilde no personagem.

Desde o governo Vargas até o final da década de 1970 o Brasil passou por um período de grandes investimentos em infraestrutura e modernização do parque industrial com a chegada das multinacionais. Tais investimentos se concentravam, entre outras, na construção de rodovias, já que era necessário melhorar o escoamento da produção nacional e estimular o transporte rodoviário para sustentar as montadoras de veículos que aqui se instalavam. Como apoio a estas montadoras que aqui chegavam, o governo abriu mão de diversos impostos e “forçou” um mercado interno para estes produtos com o corte de investimentos em transporte ferroviário, por exemplo.

O resultado destes grandes investimentos em infraestrutura, que no período militar ficou conhecido como “milagre econômico” devido ao grande crescimento do PIB na época, foi a contração de uma dívida externa que o país até o Brasil carregou por muitas décadas. No livro Leite Derramado, este período é representado com a venda da fazenda da família Assumpção para o governo que construiu uma rodovia no local. Com a chegada da rodovia, diversas indústrias e moradias irregulares se instalaram na região trazendo problemas que enfrentamos até hoje como a poluição e o crescimento desordenado das cidades.

Estes investimentos em infraestrutura, muito correntes nas décadas de 40 a 70, fazem parte do interesse do Brasil em se alinhar à política neoliberal norte-americana que procurava novos mercados para expandir seus negócios e encontrar mão de obra barata para suas indústrias. Este modelo foi ressuscitado durante o governo Lula com a criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que tem investido milhões na modernização de rodovias, portos e aeroportos, porém com a intenção de melhorar a imagem do Brasil no mundo com o país em evidencia devido à Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2010


segunda-feira, 26 de abril de 2010

“A censura, a censura, única entidade que ninguém censura"

O Ato Institucional nº 5 (AI-5),de 1968, em seu artigo 5º Inciso III, proibia “atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política”, ou seja, qualquer tipo de discussão ou manifestação contra o regime acarretava na suspensão dos direitos civis. O Ato ficou vigente até 1978, quando o general Ernesto Geisel ainda era presidente. Com a entrada de João Batista Figueiredo, o último general-presidente do Brasil, começou o processo de abertura política e redemocratização do país.
Foi nesse contexto que algumas bandas de Brasília surgiram mostrando abertamente em suas letras, a indignação dos civis com o regime militar. Grupos como Plebe Rude e Aborto Elétrico (depois dividida em Capital Inicial e Legião Urbana) revolucionaram o Rock Nacional e incentivaram a população a se mobilizar pelo fim da censura imposta pelo AI-5.

“Cuidado, pessoal, lá vem vindo a veraneio
Toda pintada de preto, branco, cinza e vermelho
Com números do lado, dentro dois ou três tarados
Assassinos armados, uniformizados
Veraneio vascaína vem dobrando a esquina “.

O trecho da música Veraneio Vascaína, da banda Aborto Elétrico retrata o medo que a população tinha da polícia quando ela chegava com sua “Veraneio Vascaína”. Aliás, O termo “Vascaína” é uma alusão às cores da Veraneio, que eram as mesmas da camisa do Vasco da Gama, preto, branco e vermelho.

“Eu decido o seu futuro
Eu e os meus fuzis
Minhas normas determinam
Seus direitos civis”.

A banda Plebe Rude, na música “Códigos”, ironiza o poder ilimitado dos generais, que podiam “decidir o futuro” do povo através da força de suas armas e de suas normas. Caso a população desobedecesse tais ordens, seus direitos civis (o direito ao voto e ao habeas corpus, por exemplo) eram cassados.
Em “Códigos”, o autor se coloca como se fosse um general, que por ter plenos poderes, debocha:

“Estou rindo de você,
Estou rindo de você,
o seu direito é me obedecer

[...] O que você faz escondido diverte, me faz rir
Você pode me subestimar, mas vou te punir

Estou rindo de você
Estou rindo de você
Você não é ameaça para mim”.

Já em “Censura”, também da Plebe Rude, pode-se notar que o ponto de vista retratado não é o dos poderosos do governo, mas sim do povo revoltado com a atividade do “censor com bisturi”, que não deixa nada que possa prejudicar a imagem do Estado se tornar público
“Contra a nossa arte está a censura
Abaixo a cultura, viva a ditadura
Jardel com travesti, censor com bisturi
Corta toda música que você não vai ouvir.”

A censura não obedecia a critério nenhum, as músicas podiam ser proibidas por motivos políticos ou simplesmente pelos censores não entenderem o que o autor queria dizer.

“Nada para ouvir, nada para ler
Nada para mim, nada pra você
Nada no cinema, nada na TV
Nada para mim, nada pra você”.

Porém, o argumento dos generais, segundo a música “Proteção”, era de que tanto a censura a todo tipo de arte quanto a truculência da polícia tinha por objetivo proteger a população, calando os opositores do governo para “manter a boa imagem do Estado”.

“A PM na rua, a guarda nacional
Nosso medo suas armas, a coisa não tá mal
A Instituição esta aí para a nossa proteção.

[...]Oposição reprimida, radicais calados
Toda a angustia do povo é silênciada
Tudo pra manter a boa imagem do Estado!”.

E como marca característica das músicas de protesto, o autor questiona a validade de tal postura da administração pública, embora continue afirmando que “tudo isso é para a sua segurança”:

“Até quando o Brasil vai poder suportar?
Código penal não deixa o povo rebelar
Autarquia baseados em armas não dá
E tudo isso é para a sua segurança”


Brunno Minelli
Constantino Nicholas
Marília Torello
Marina Sakovic
Rafael Abreu
Renan Palhares

A RODA DA VIDA


"Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...


A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração..."



Em 1 ° de Abril de 1964 ocorreu um golpe no Brasil, no qual os militares tomaram o poder e controlaram o Estado durante 21 anos. O motivo do golpe, segundo eles, era que o país não tinha uma polítca própria, e que, com a ditadura, seguiria o rumo capitalista trazendo um desenvolvimento progressivo, com o objetivo de retomar um crescimento econômico interrompido nos anos de 1962 e 1963.

Nesse período, o clima no país era tenso. Quase tudo era proibido, a censura foi instaurada no teatro, na TV, no cinema, na música e até nas universidades. Essa repressão ainda se intensificou no governo Costa e Silva com a outorgada do AI-5, que ficou conhecida como política do “tudo é proibido”. Com o Ato Institucional, a população teve sua liberdade de expressão sufocada, portanto, impedidos de exercer uma postura crítica diante dos acontecimentos.

Nesse contexto, um dos grandes artistas da época e causador de grande polêmica foi Chico Buarque. Mesmo reprimido pela censura, expressou através de suas composições, conhecidas por serem muito metafóricas, o momento que a sociedade vivia.

A música Roda Viva, referida acima, faz parte da famosa peça de teatro de mesmo nome, que foi escrita em 1967 por Chico Buarque. Ela chocou parte do público com sua crítica e seu tom agressivo. Foi uma metáfora para driblar a censura. Ela faz apologia à volta da liberdade em plena Ditadura Militar. Roda Viva, segundo a letra, significa a vida cotidiana. Roda Viva representa uma mudança drástica na história e na vida, durante o período da ditadura militar, que é melhor ilustrada nos versos “Mas eis que chega a roda viva /E carrega o destino prá lá”. A música expressa a angústia de quem teve a vida levada por uma “roda”, um sentimento de que nada do que era bom naquele momento, na verdade, existiu. E também um desejo de mudança que era minimizado, ignorado, deixado para lá; esses sentimentos estão representados pela metáfora da fogueira. “O samba, a viola, a roseira/ Que um dia a fogueira queimou”.

O modo pelo qual artistas e compositores aplicaram aos seus trabalhos fez com que fossem perseguidos. E o exílio dos mesmos ocorreu para que as suas ideias não fossem disseminadas. O protesto de Chico foi especialmente criticado por suas composições e, mais tarde, essa crítica o levou a deixar de compor letras líricas e alienantes. Tal atitude fez com que ele passasse a criar canções mais diretas levando-o a enfrentar problemas como a proibição de algumas de suas músicas e uma vasta ficha de ordem política e social (Dops). Assim, o cantor decidiu se auto-exilar na Itália.

Depois de muito tempo retornou, assim participando de grandes festivais, fazendo sucesso com parcerias como do cantor Tom Jobim. Chico não deixou de escrever músicas relacionadas ao aspecto social do país, sendo um dos poucos que resgatam gêneros tradicionais, utilizando em suas canções protestos indiretos e crítico-político do Brasil, como fez com a canção Roda Viva.

Essa e muitas outras composições, que não só envolveram as áreas políticas e sociais como também culturais, representavam um grito pela liberdade, contra a violência imposta pelo regime totalitário no Brasil.


Ana Claudia Cabanas
Amanda Sousa
Iara Aurora
Mariana Campos
Mariana Reis
Thatiana Rós

Sobre golpes e revoluções

Por Ananda Almeida e Débora Emílio

Apesar de constar em livros de História como Golpe, muitos militares, como foi mostrado ano passado em programas especiais pelos 45 anos do ocorrido, consideram sua tomada do poder em 64 uma revolução. Eis por que não é: embora ambos possam significar uma mudança súbita de governo, um golpe é imposto por uma minoria, enquanto uma revolução, segundo definição do sociólogo Jeff Goodwin, envolve a mobilização das massas.

A tomada do poder, no Brasil, se deu exclusivamente pela direita civil e militar, sem nenhuma participação do povo brasileiro, que talvez nem soubesse exatamente o que estava acontecendo naquele dia da mentira, 1º de abril, de 64. Por medo da política simpatizante ao socialismo do então presidente João Goulart, o golpe, como deve ser verdadeiramente chamado, aconteceu e instaurou no país uma ditadura repressiva e conservadora, com inúmeras mortes de pessoas contrárias ao regime.

Anos antes, em 1959, Cuba, que vivia sob uma ditadura e passava por um período de alto índice de desemprego, desigualdade social e era considerada o “bordel” dos Estados Unidos, fazia uma revolução, pois contava com enorme apoio popular. No dia 1º de janeiro, os rebeldes assumiram o poder. Foi feita a reforma agrária, empresas norte-americanas foram nacionalizadas, houve reformulação das políticas de educação e saúde, mas, é bom lembrar: revolução, não golpe; esquerda, não direita; de um jeito ou de outro Cuba não é um mar de rosas.

Um dos líderes da revolução, Fidel Castro foi também um dos maiores ditadores da história, que violou os direitos humanos e escondeu informações. Segundo a escritora cubana Yoani Sánchez, do blog Generación Y, as próprias melhorias conquistadas pela Revolução Cubana devem ser questionadas “Quando se trata de Cuba, as estatísticas oficiais divulgadas pelas nossas embaixadas não devem ser levadas a sério” disse ela em entrevista a Veja, na qual também fala da repressão e diz que “Cuba só é reverenciada por quem nunca morou aqui”.

Por meio de revolução ou de golpe, não importa, as ditaduras assassinam a política que todos as sociedades deveriam viver: a democracia.

A Crise Econômica do Regime Militar



De 1964 a 1985, ocorreu no Brasil a Ditadura Militar, uma época governada pelo Regime Militar brasileiro e que ficou marcada pela censura, perseguições e pela falta de democracia. Neste período a economia brasileira sofre uma inflação de 80% ao ano, o crescimento do produto nacional bruto (PNB) é baixíssimo 1,6% ao ano, e as taxas de investimento no país são quase zero, essa situação levou o Ministro da fazenda Roberto de Oliveira Campos e Octávio Gouvêa Bulhões a tomarem medidas que “ajudariam” o país;Criaram então um programa de ação econômica, cujo objetivo era baixar a inflação para 10% ao ano e alavancar para 6% o PNB ao ano, tinham também em foco que esse programa equilibrassem os pagamentos e diminuíssem a desigualdade regional que assolava Brasil. Porém em 1983 a inflação ultrapassa 200% e a divida externa passa de 90 bilhões de dólares.
Com isso o governo adota como medida uma política de recessão, onde vai diminuir o ritmo das obras públicas, subsidiar o petróleo e os produtos da casta básica, o que dificulta a circulação de crédito interno e aumenta absurdamente o número de empresas pedindo concordatas e decretando falência. Em contra partida para acelerar o crescimento do PNB o governo oferece incentivos fiscais para os exportadores que geram lucro, por ter uma mão de obra barata. É nesta época que nasce o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, que protegem os trabalhadores demitidos sem justa causa.
Apenas no governo do presidente Castello Branco (1964-1967) a inflação baixa chegando a uma taxa de 23% ao ano, mais o custo de vida ainda é alto, pois existe um grande número de desempregados e o consumo não é acessível a todos.
Surge então um novo plano criado pelo governo, (ORTNs) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional que ajuda no financiamento do déficit público que estimula e acelera a construção civil. Há um estabelecimento monetário correndo por fora destas decisões que o governo aplica ao país o que estimula a poupança a manter-se firme mesmo com a inflação em alta. A economia volta a crescer ainda no governo de Castello Branco quando o setor industrial, da construção civil e dos bens de consumo durável era acessível apenas para as classes de alta renda, por exemplo, eletrodomésticos, automóveis, telefonia, vestuário, etc.
Surge então o Milagre Econômico que investem em exportação, visando obter importações de máquinas e equipamentos de matérias-primas. Mais afinal o que foi o milagre econômico? Foi uma política de incentivos governamentais para estimular a indústria, expandir o consumo e os créditos e assegurar a classe média o poder de consumo aos bens duráveis. Por outro lado no Regime Militar existiam empresas estatais que investiam no país, por exemplo, as grandes siderúrgicas que crescia com ajuda do governo e obtinham lucros que gerava uma grande expansão do setor, ou seja, estimulavam o consumo e a produção de bens duráveis. Entretanto explode uma concentração de renda no país ao qual apenas 4% da população brasileira no eixo Rio de Janeiro São Paulo ganham acima de seis salários mínimos, o que acarreta uma desigualdade social muito grande.
Ao final podemos analisar que a economia instaurada durante o Regime Militar, foi uma economia que esbanjou mais do que preciso, que resultou em fazer com que a população de certa forma fossem cobrados e punidos por uma divida que não eram delas.

Bruna Campanholo
Carla Roberta Brasiliense
Dannilo Martins Autorino
Jacqueline Lopes Sobral

domingo, 25 de abril de 2010

A economia das armas


Renan Carvalhais, Ana Claudia Rodrigues, Camila Murari

A economia no período militar do Brasil (1964/1985) estava passando por um processo de transição entre agrária e industrial. Com a entrada maciça de empresas multinacionais no país a partir do final do governo Vargas, com forte apoio do governo JK, o país seu período de êxodo rural com a migração dos trabalhadores rurais para as grandes cidades atraídos pela grande oferta de emprego nas indústrias e a promessa de uma qualidade de vida maior – teoria que não se concretizou posteriormente com a ocupação urbana desordenada e as crises mundiais que causaram muitas demissões.
Com a ascensão dos militares ao poder na década de 1960, por meio de um golpe, houve um fechamento econômico do país e as importações de produtos básicos estavam proibidas. Como a produção agrícola nacional ainda era baseada na subsistência e na monocultura, o país não conseguiu suprir suas necessidades de consumo de alimentos sem a importação de alguns gêneros como arroz, trigo, entre outros, que ainda hoje vêem de outros países. Esta grande diferença entre oferta e procura resultou nas maiores taxas inflacionárias da história do país chegando a superar os 80% ao mês (hoje este número não passa dos 5% ao ano).
Como a inflação é como uma bola de neve, quanto mais caros ficam os produtos, menor o poder compra, as parcelas mais pobres da população ficavam cada vez mais pobres e esta diferença reflete até hoje na nossa estrutura social.
Para o governo militar demonstrar sua presença, além da tortura também era usado a construção de obras faraônicas e a isenção de impostos para empresas estrangeiras se instalarem aqui. Estes gastos fizeram com que nossa dívida externa também alcançasse grandes números que tornaram o Brasil escravo do FMI por mais de 40 anos.

A censura na ditadura militar

No período da ditadura militar,na década de 60 e 70,os veículos de comunicação estavam sujeitos à uma forte censura executada por agentes do exército.
Naquela época, as produções artísticas tinham que passar pelo setor de censura antes de serem apresentados em público.
Os meios de comunicação eram controlados pelo Estado, a população não tinha liberdade de expressão para falar o que quisesse em relação à política, por exemplo.Tudo o que os militares autorizavam poderia ser vinculado a mídia.
Isso quer dizer que a população só podia ver e ouvir o que a polícia federal previamente aprovasse.
O objetivo era filtrar as “impurezas” dos veículos de comunicação, porém com execução exagerada e a metodologia arcaica. Podemos até dizer que naquela época a conduta brasileira era controlada pelos militares por meio dos veículos de comunicação.
Havia um controle rigoroso por parte dos chefes de Estado.Tudo que pudesse colocar em risco a reputação moral dos cidadãos da ditadura era motivo para ações punitivas muito graves.
Música, matérias jornalísticas, peças teatrais,etc. Tudo deveria antes ser visto por uma pessoa ligada aos militares para ver o “teor” da mesma.

O jogo de palavras: do protesto à sobrevivência

Em 1º de abril de 1964, alegando proteger o País da subversão, os militares, por meio de um golpe, tomaram o poder no Brasil. Até 1985, o país sofreu duramente com a perseguição política, supressão dos direitos constitucionais, e a censura. E mesmo atormentados pela repressão, os artistas continuaram a reclamar do regime por meio de suas obras.

Nos primeiros anos do regime militar, a censura cultural não se estabeleceu imediatamente. É no governo Costa e Silva, com a publicação do Ato Institucional nº 5 (AI5) – que retirava todos os direitos dos cidadãos -, que os artistas passam a sofrer séria perseguição. Nada escapava dos fiscais da censura, que muitas vezes proibiam canções, filmes e peças teatrais, que não continham o menor sinal de contestação ao regime. No governo Medici (1969-1974) a perseguição alcançou patamares impressionantes, com prisões, torturas e exílios.

A resposta dos artistas ligados ao movimento musical ao endurecimento do regime e o aumento da repressão foi dada com canções que tentavam encontrar um meio de burlar a censura e alcançar a população. Para isso os músicos, engajados numa produção massiva, na chamada “Era dos festivais”, tinham como arma o uso de metáforas. “ (...) Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição / De morrer pela pátria e viver sem razão (...)”, cantava Geraldo Vandré em “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores”, canção que virou hino contra a ditadura militar. A canção “Apesar de Você”, de Chico Buarque, que parecia tratar de uma briga entre namorados era um recado ao general Medici: “ (...) Você vai pagar e é dobrado / Cada lágrima rolada / Nesse meu penar / Apesar de você / Amanhã há de ser / Outro dia / Você vai se dar mal (...) ”. A censura só percebeu o “recado” ao governo, depois que a música caiu na boca do povo.

Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque foram apenas três dos muitos músicos que não se calaram e tiveram que recorrer ao exílio por causa da perseguição política. Caetano e Gil foram presos em 1968 e se exilaram em Londres, na Inglaterra, em 1969. Chico fora chamado para interrogatório dias antes da prisão da dupla baiana, e proibido de deixar o País. Em 1969 recebeu autorização para participar de um festival em Cannes, na França, e seguiu para o auto-exílio na Itália. Mesmo exilados, os três, assim como outros artistas brasileiros, continuaram a usar do jogo de palavras nas canções para expressar o descontentamento, a revolta, e a vontade de um País diferente.

As ditaduras têm uma face repressora que ameaça desaparecer com todo pensamento contrário. Mas, sejam nas canções ou no olhar de um povo, a liberdade resplandece, à espera que a democracia se avive.

“No novo tempo, apesar dos castigos / Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas / Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer / No novo tempo, apesar dos perigos / A gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça / Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver” (“Novo Tempo” - Ivan Lins e Victor Martins).

Ana Carolina Souza
Bethânia Morico
Guilherme Pallesi
Luiz Felipe Zamataro
Luiz Paulo Montes
Thais Carvalho

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Vinte um anos de luta pela democracia!



Após o estabelecimento da ditadura militar, que teve início em 1964, foram muitas as mudanças relacionadas com a liberdade de expressão, entre elas, a censura nos meios de comunicação foi a mais drástica já vivida na história do país. A principal intenção dos militares era reforçar os ideais positivos da nação e ocultar qualquer tipo de crítica ao governo.

A Ditadura foi um período marcado pela opressão militar. Houve uma censura rigorosa das informações que era transmitida aos cidadãos, tudo era revisado pelo governo antes de ser publicado. A idéia era transmitir à população que as coisas estavam ocorrendo bem e, que o país estava em ordem de ‘bem comandado’. Por esse motivo os jornais foram obrigados a publicar poesias e até mesmo receitas.

Foi nesse período que a UNE (União Nacional dos Estudantes) se organizou e começou a agir efetivamente contra o regime militar. As passeatas eram uma forma de exteriorizar a insatisfação causada pela censura.
Em junho de 1968 houve a passeata dos cem mil, organizada pelo movimento estudantil, que contou com a ajuda de intelectuais e até mesmo artistas. Essas pessoas prosseguiram em protesto com uma enorme faixa escrito: "Abaixo a Ditadura. O Povo no poder". É claro que o governo repreendeu esses opositores e muitos estudantes foram detidos e presos. Mas, mesmo com a repressão as manifestações continuaram.
Oscilando entre graus de maior e menor intensidade, a censura teve seu ápice no período da publicação do AI – 5, no governo Médici, quando estas manifestações populares estavam no auge.

Com a instauração do AI-5, ato institucional que vetava as manifestações de caráter popular, suspendia o direito de habeas corpus em todos os tipos de casos jurídicos e impunha a censura nos veículos de comunicação, foi possível que os militares utilizassem medidas mais drásticas. Muitos foram exilados, assassinados, presos, torturados ou simplesmente desapareciam.
Durante a Ditadura foi criado o ‘Destacamento de Operações de Informações- Centro de Informações de Defesa Interna’ (DOI-CODI), que era um orgão de repressão. Os militares ameaçavam muitas pessoas que transmitiram oposição ao regime. Um exemplo de repressão e abuso do poder que esse órgão exerceu, é o caso do jornalista assassinado Vladimir Herzog. Ele dirigia o telejornal da TV Cultura, quando dois agentes da polícia entraram na redação e levaram-no ao DOI-CODI, onde foi torturado e morto. A morte de Herzog causou ainda mais revolta na população e, impulsionou fortemente o movimento pelo fim da ditadura militar brasileira.

Com todos estes acontecimentos, a população foi sendo despertada para agir e participar da política nacional, mesmo que de uma maneira mais indireta. Surgem então muitos nomes artísticos que incluíam seus ideais de mudanças através de letra de músicas, obras de arte e filmes. Toda a forma de produção cultural que ocorria neste momento destaca a contestação e a insatisfação pública, que interferiria posteriormente na situação do país.

A ditadura militar brasileira controlou os meios de comunicação. Nos anos 80 a luta dos movimentos estudantis teve mais impacto sobre o regime. Nas manifestações, a evidência pela Democracia crescia ao mesmo tempo que na Inglaterra ocorriam os movimentos punks, que também evidenciavam ideais de liberdade de expressão. Os músicos brasileiros consolidavam suas ações com o objetivo de alcançar os jovens para opinar na política. Hoje ocorre o inverso, os jovens se preocupam com diversões distantes à política e se rebelam nas poluições visuais, na violência e no abuso excessivo de drogas. Preocupações que estão bem distantes e nada relacionadas às mudanças no quadro político e social do país.
Deveríamos refletir mais sobre a frase: “Vem, vamos embora, que esperar não é saber,quem sabe faz a hora,não espera acontecer...” versos da música de Geraldo Vandré que foi escrita na década de 60,durante a Ditadura Militar.


Carlos Alberto
Dayana Holanda
Fernanda Galib
Mariana Ledo
Sâmia El Saifi

Milagre ou Ilusão?

A ditadura militar, que ocorreu no Brasil no período de 1964 a 1985, é um período que marcou a vida de muitas pessoas pois foi marcado pela falta de democracia, censura, perseguições, a todos aqueles contra o regime militar.

Com a crise de 1961 que o país vinha enfrentando devido à renúncia de Jânio Quadros, assumiu a presidência o vice João Goulart num clima adverso. Depois dele alguns governos como o de Castello Branco, Costa e Silva e o da Junta Militar ainda se passaram, mas foi quando o general Emilio Garrastazu Médici assumiu a presidência da república, que o “milagre econômico” aconteceu. O país vivia um período de muita repressão à luta armada, forte censura a jornalistas e artistas.

Apesar de ser considerado o governo mais duro e repressivo, na área econômica o Brasil crescia rápido, foi um período que durou de 1969 a 1973, o PIB brasileiro crescia com uma taxa de quase 12% ao ano, e a inflação estava quase a 18%. Graças aos investimentos estrangeiros o país conseguiu avançar e obter uma boa base de infra-estrutura. Muitos empregos também foram gerados, e algumas obras chegaram a ser consideradas faraônicas, como a ponte Rio-Niterói e a hidrelétrica de Itaipu.

Todo esse investimento teve um preço muito alto, pois a dívida teria de ser paga no futuro. Os empréstimos causaram uma dívida externa muito alta para os padrões de economia do Brasil. No ano de 1976 o presidente Ernesto Geisel anuncia ao mundo a falência do modelo de crescimento com endividamento externo, e o povo é obrigado a pagar as contas por meio de pacotes, ajustes e planos de estabilização criados pelo governo. A partir daí então a economia entra na longa estagnação econômica que durou mais de 30 anos.

O milagre, que na verdade era uma ilusão, tratava-se de uma economia baseada no objetivo de extrair juros sobre juros indefinidamente obtendo empréstimos estrangeiros e os aplicando internamente, o grande valor desses empréstimos então passou a ser uma grande dívida que transformou em reféns o povo brasileiro. O Regime Militar fez com que a economia brasileira se tornasse a “economia do desperdício”, e as medidas provisórias serviram apenas para coagir o povo e fazer com que ele pagasse uma conta que não é sua.


Dário Rodrigues de Souza

Caos: combustível da política Tropicalista


"Não se pode olhar a lua sem se fazer política." (Augusto Boal)
Tudo o que se faz é política. O movimento Tropicália, não poderia deixar de ser. Formado por Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, etc, o Tropicalismo vinha do standart (arte da transformação, arte que modifica), como oxigênio para "enfrentar" a Ditadura Militar. Sendo visto pelos seus adversários como um movimento sem comprometimento político, um movimento comum, (como tantos outros), de crítica a Ditadura, o "foco" da Tropicalia não era estabelecer realmente, nenhuma referência as estruturas políticas-ideológicas que o Brasil estava passando, mas sim, que o poder "estético" valia por sí só como "revolucionário".

Espalhando o caos e encontrando-se no "senso crítico", o Tropicalismo conseguiu em meio a um gigantesco buraco negro da Ditadura, compor músicas que transformaram o país e ter músicos que inspiraram o mundo. A Tropicália conseguiu definitivamente, romper a ortodoxia crítica que dizia que o "valor" da produção de música popular brasileria "séria", só estaria ligado diretamente a uma política de esquerda e nacionalista!

Pensando em englobar os acontecimentos da Ditadura, dos Anos Rebeldes, fica claro que todos eles - Movimento Estudantil (rebeldia dos jovens nos EUA), Revolução Sexual, Cinema Novo (Glauber Rocha revolucionou o entendimento de transformação da arte com o filme "Terra em Transe"), Festvais de Música, os Hippies (que em Paris tomavam as ruas, espalhando esse então "conceito" de vida e de existência para o mundo), o Exílio, a disputa entre Direita e Esquerda - sem exceção, foram o "combustível" para a liberdade de criação expansionista do Tropicalismo.

O documentário "Política Intervencionista dos EUA na América Latina", do premiado jornalista John Pilguer, traz em um dos depoimentos, uma frase do ex presidente dos EUA, Richard Nixon, o que disse uma vez em relação a América Latina que: "As pessoas não querem saber do lugar onde vivem."Ele estava errado. O grande desejo dos EUA, como Império Moderno, é o de dominar todo o continente latino-americano, não se contentando apenas, com o quintal da sua própria casa e foi "impulsionado" por isso, que o Tropicalismo não surgiu a partir do "momento Rock" que o mundo estava vivendo, mas sim, de "sub-pressões" das inverdades.AI-5: "O Estado poderá suspender os direitos políticos de qualquer cidadão."
Stella Curzio

segunda-feira, 22 de março de 2010

Nacionalismo invade as propagandas comerciais

Por Ananda Almeida e Débora Emílio

Que país não gostaria de ter uma empresa assim?”; “Se o nosso país tem muitos desafios pela frente, não vai faltar energia para vencer cada um deles”; “No pé, a gente é bom, mas na África, a mão também vai fazer diferença”, “Guaraná Antártica – Original do Brasil”. A príncipio, pode parecer apenas marketing dos comerciais, mas a publicidade pode estar vendendo outras coisas além de seus produtos.

"A gente já passou por muita coisa. Vinte anos atrás não dava para imaginar que o Brasil ia superar a inflação. (...) Dez anos atrás, quem podia imaginar a gente emprestando dinheiro para o FMI, ....” O comercial da Chevrolet aparenta manifestar a ideia de que, assim como o carro que está sendo divulgado, com toda sua tecnologia e inovações, o Brasil também é perfeito. Ao falar sobre o empréstimo de dinheiro ao FMI, que antes era a organização que concedia fundos ao Brasil, incita no espectador a ideia de que o Brasil está se tornando poderoso, passando à frente dos países desenvolvidos (o carro novo ultrapassando os antigos). O brasileiro, então, pode começar a desenvolver o sentimento nacionalista, que é a ideologia de uma única identidade para todos os indivíduos de uma nação.

A aversão de brasileiros quanto aos argentinos não é rara de se encontrar. Aqueles, no entanto, sequer sabem o motivo do sentimento de rivalidade com o povo argentino. O comercial das Havaianas com o ator Lázaro Ramos parece ressaltar a superioridade que o Brasil acredita ter em relação à Argentina. Segundo o comercial, entre brasileiros pode-se enxergar os defeitos que aqui existem, mas, diante do turista argentino, precisaram mostrar as qualidades do país, incitando que é um país perfeito. Além disso, o próprio slogan dos comerciais das sandálias Havaianas – “Recuse imitações” – pode dar a entender que o brasileiro tem que comprar chinelos fabricados no Brasil, rejeitando produtos de outros países.

Segundo matéria do jornalista Marcio Aith, da Folha de São Paulo, uma “’publicidade-exaltação’ está invadindo os comerciais”. Além de estarem incentivando o sentimento nacionalista, as propagandas também estão veiculando ideais pró-governo. “O problema é distinguir marketing da simples adulação - em outras palavras, se o produto anunciado é o governo”. No entanto, as empresas que transmitem os seus comerciais com um quê de nacionalismo argumentam que é a satisfação dos clientes que contamina as propagandas. [Leia a reportagem de Marcio Aith na íntegra]

A imagem dos brasileiros mostrada por muitos comerciais, principalmente, nos de cerveja, é a de um povo trabalhador, que passa por muitas dificuldades, mas, mesmo assim, continua feliz e consegue atingir os seus objetivos, pois é um povo guerreiro. Mas, até onde devem ir os limites do “orgulho em ser brasileiro”?

Seleção Brasileira x Nacionalismo

Definida por Marx, “ O socialismo é uma forma de produção”. Mais a qual produção ele se refere? A produção que o nacionalismo é uma ideologia particular e universal, no qual suas características são fortes e onipresentes, onde legitima as nações pelo fato da sociedade está organizada em estados-nação; Mais que pode assumir uma característica radical com consequências violentas ao invés de resultantes.

Partindo disso, vamos analisar o nacionalismo no futebol brasileiro, buscando apontar diferenças entre países como Brasil e Estados Unidos, a cultura Popular e a Midia.

De quatro em quatro anos o Brasil todo se tinge de verde e amarelo. As lojas de roupas começam a mostrar seus novos modelos estilizados, com o nome do país do futebol, por um valor maior do que seria vendido fora dessa época. Isso mesmo! As pessoas só consomem roupas do Brasil de quatro em quatro anos, fora isso, o mínimo que elas usam é o famoso “I Love USA”.

Tirando o carnaval, a copa é a “festa” que os brasileiros mais esperam, o comércio fecha na hora do jogo, as pessoas largam tudo que estão fazendo para vibrar junto e acompanhar cada partida da seleção, em dia de jogo as pessoas que trocavam apenas olhares todas as manhãs no metrô, agora trocam palavras empurradas pelo entusiasmo de falar do futebol, do vencer, do seu país... Nesse dia, milhares de dedos estalam de ansiedade para sair mais cedo do trabalho e assistir ao jogo. Nos transportes, a festa e a briga para chegar o mais rápido em casa são intensas.

De fato, o futebol é a verdadeira paixão do brasileiro. A diferença mais acentuada entre o futebol inglês e o brasileiro nos seus primórdios diz respeito à profissionalização. Na Inglaterra, por exemplo, ela foi primordial para a popularização do esporte e no Brasil a profissionalização só ocorreu porque os jogadores estavam emigrando para países que pagavam salários mensais (principalmente Argentina, Uruguai, Espanha e Itália).

O País do futebol pode ser considerado um sinônimo para o Brasil. Mas não se assuste, em dia de copa é normal o Brasil parar de funcionar. É esse entusiasmo quem guia o estado de espírito das pessoas, elas vestem a camisa do seu país até a sua vitória, porém, tudo pára aí. Independente de mais uma taça ou não, quando acaba, o Brasil perde as suas cores e tudo volta para o rotineiro cinza de cada um.

Se olharmos do ponto de vista da cultura popular brasileira também vamos identificar traços desse nacionalismo exagerado. No verso da música “moro num país tropical, abençoado por Deus”... ou na expressão popularesca “Deus é brasileiro”, encontramos um nacionalismo ligado à religiosidade, o quê é ainda mais perigoso. Em fatos cotidianos também podemos observar à mesma situação.Recentemente, o empresário bilionário Eike Batista, declarou que “o Brasil é o melhor país para se investir no mundo e a atual economia prova isto”. Obviamente que Batista é muito inteligente e sabe que está falando algo muito exagerado e prematuro, mas uma vez que suas empresas têm ações na bolsa e trabalham em território nacional, o empresário usa deste sentimento nacionalista para vender seu peixe.

E do lado midiático? Se fossemos nomear uma forma direta para esse nacionalismo, quando o assunto é futebol, sem sombra de dúvida, a mídia seria a escolhida.

Foi ela que transformou o futebol em festa, que faz o brasileiro despertar um sentimento de esperança em ganhar um titulo que, no final das contas não irá alterar o cotidiano da população. Para o governo essa também é uma época excelente, pois a preocupação de qualquer cidadão é: ‘será que eu vou conseguir assistir ao jogo?’; e não se o governo está aplicando corretamente o dinheiro que arrecada com impostos, se o desemprego aumentou...

E, no final do campeonato se a seleção ainda sair campeã, o governo convida o time e a comissão técnica para ir até Brasília receber uma homenagem. E passa para toda população que ficou dias só torcendo a sensação de que, política e futebol andam juntas, de que ambas estão ‘ótimas’ porque houve uma ajuda do governo para a vitória do país no futebol!


Bruna Campanholo
Bruno Garcia Mirra
Carla Roberta Brasiliense
Dannilo Martins Autorino
Jacqueline Lopes Sobral

Viva à nação ou viva à seleção?


Mais do que uma simples ideologia, o nacionalismo se mostra como uma forma de explicar um orgulho exacerbado pela própria pátria e preconceito com pessoas de outras etnias ou nacionalidades.
No clube Atlético de Bilbao há uma clara demonstração da ideologia nacionalista. O time do País Basco é formado somente por atletas nascidos na região. O argumento para a exclusão é que o time deve valorizar a própria cultura e por esse motivo nenhum jogador espanhol ou de qualquer outra nacionalidade pode fazer parte da equipe. No país, esse tipo de comportamento é de certa forma comum, já que há tempos os bascos tentam sem sucesso a separação da Espanha, liderados pelo grupo ETA (Euskadi Ta Askatasuna).
O Brasil não está isento desse tipo de patriotismo, a diferença é que em nosso país a ideologia se manifesta com mais intensidade nas épocas de Copa do Mundo. Em outros momentos, alimentamos um “nacionalismo mascarado”: que só existe quando algo bom acontece no país ou quando resolvemos reivindicar algo que de fato pode afetar nosso cotidiano. De quatro em quatro anos mostramos ao mundo o quão patriotas somos ao não trabalharmos em horário de jogos da seleção e vestirmos verde e amarelo, simbolizando o orgulho de ser brasileiro. Mas quando não há grandes competições de futebol passamos os dias reclamando dos políticos, da falta de empregos e tantas outras coisas, e dizendo a quem quiser ouvir o quanto o Brasil é subdesenvolvido e ultrapassado.
O “nacionalismo” brasileiro não é o nacionalismo fundado nas raízes da ideologia patriótica, do amor pelo país nem da preservação da cultura nacional, mas o do orgulho passageiro que só aparece quando convém. O brasileiro só vai poder se considerar nacionalista ou patriota quando deixar de ser apenas o “único pentacampeão mundial” e começar a defender o lugar onde nasceu mesmo com todos os defeitos que ele possa ter.

Brunno Minelli
Costantino Nicholas
Marília Torello
Marina Sakovic
Rafael Abreu
Renan Palhares

Um sentimento de IRA que dura há mais de 40 anos


Alguns sentimentos que nos ligam a pátria onde nascemos sempre foram cultivados e reacendidos em momentos importantes na história. A percepção que nos orienta é de uma relação constante de amor e ódio envolvidos em uma gama de emoções guiados pelo que chamamos de nacionalismo. Quando o sentimento do nacionalismo se exacerba, as conseqüências costumam ser aterrorizadoras, como foi o holocausto nazista durante a segunda guerra mundial e os atos do general Franco na Espanha.

Outro caso que o sentimento nacionalista foi exacerbado aconteceu na Irlanda. Anexado ao Reino Unido no século XIX pela assinatura de um tratado (Union Act), os movimentos pela libertação e desanexação sempre correram pelo país. No inicio do século passado, surge o movimento nacionalista que vai lutar pelo fim do domínio inglês e, leva ao surgimento da Irlanda do Norte. O Exército Republicano Irlandês ou IRA, que tem sua fundação datada do ano de 1919, tinha em suas ideologias o sentimento de ver a Irlanda do Norte livre do controle da Inglaterra e reanexar a República da Irlanda para a criação de uma só nação. Mas mesmo com a separação, os irlandeses do norte ainda ficam sob controle britânico.

A partir dos anos 60 que atuação do IRA começa a se tornar radical e o grupo ser considerado terrorista e paramilitar. Após tentativas fracassadas de separação, o governo inglês ocupou com forças militares o país em 1969, dissolvendo o congresso e assumindo pela totalidade as funções administrativas e econômicas do país. Causa essa que revoltou os ativistas do IRA, que decidiram realizar ataques e sucessivos levantes violentos contras os militares britânicos para reaverem o poder.

O IRA continuou em guerra contra os britânicos até 1998, quando foi assinado um pacto com os representantes do governo norte-irlandês, do grupo nacionalista e os britânicos sob a supervisão do então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton que concedia maior autonomia ao país.

O grupo, após longas negociações e pressões externas, declarou formalmente o fim da campanha armada contra o exército do Reino Unido. O anúncio realizado em 2005 colocaria fim a mais de 40 anos de medo e terror na região, que resultaram em mais de 3 mil mortes. As buscas pelos objetivos do IRA seriam feitos de formas pacíficas. Mas alguns radicais do partido não concordaram e continuam sua luta pela independência, chegando até a discutirem a formação de um novo movimento. Especialistas afirmam que a briga por direitos é um dever e direito de qualquer cidadão do mundo, mas quando ele usa da violência, a causa perde o sentido.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u43380.shtml



Ana Carolina Souza
Bethânia Morico
Guilherme Pallesi
Luiz Felipe Zamataro
Luiz Paulo Montes
Thais Carvalho

Futebol: o motor de uma nação



O nacionalismo é um sentimento que desperta, nasce ou é estimulado na vida dos cidadãos de um determinado país. Sentir fascinação e orgulho por tudo que é de sua terra é normal entre os nativos de qualquer região, que consequentemente desejam melhorias e conquistas para sua pátria. No Brasil, por exemplo, os momentos de nacionalismo acontecem a cada quatro anos, durante a Copa do Mundo. Mobilizações do povo brasileiro iguais as que acontecem na Copa não ocorrem com tanta intensidade em outro período ou momento no país.

Os brasileiros se vestem com as cores da bandeira, cantam o hino nacional o mais alto possível e o maior número de vezes que puderem, enfeitam as ruas para as comemorações, não falam em outra coisa a não ser nos jogos em que o Brasil tem mais chances de ganhar. Enfim, o país para, e o sentimento de união, torcida e orgulho de ser brasileiro invade o coração de todos.

Mas no fim do campeonato todos voltam à sua rotina de vida. Retornam aos seus trabalhos sem a sensação de união. A mídia torna a cobrir as notícias do cotidiano e as “estrelas da festa”, os jogadores da seleção brasileira, retornam aos seus times de origem.

A felicidade de ser brasileiro na temporada de Copa do Mundo é única. Não há nada igual em outra ocasião, isso porque todos estão em sintonia, em prol do Brasil, a favor de que o país tenha mais uma vitória mundial. Afinal o Brasil é o país do futebol e o futebol é uma paixão nacional. Mas, ter motivação para acompanhar o próprio país apenas nesse momento é o que provoca a depredação, destruição e o constante abandono das políticas públicas nacionais. Se o povo brasileiro participar e fiscalizar a administração do estado tanto quanto, de quatro em quatro anos, acompanha os resultados dos jogos de futebol é possível mudar a situação do país. E tentar construir uma sociedade justa e igualitária.

Ter um pouco de nacionalismo, apenas o suficiente para ocasionar interesses para o bem comum, para o bem de todos daquela nação sem prejudicar, ferir ou aniquilar outros governos é o ideal e necessário em um país.

Ana Claudia Cabanas
Amanda Souza
Iara Aurora
Mariana de Campos
Mariana Reis
Thatiana Rós

"O petróleo é nosso"


O nacionalismo surge novamente. Agora como tema de discurso político do governo Lula. É cada vez mais notável esta racionalidade específica utilizada pelo presidente para aprimorar e vangloriar suas ações no país.


Desta vez o lema “O petróleo é nosso” estampa as últimas campanhas relacionadas com a Petrobrás, estatal petrolífera, que será a operadora do pré-sal. Sabe-se que a camada que reúne três bacias sedimentares, está localizada entre cinco estados (Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina).


A Petrobrás, precursora deste tipo de perfuração abissal, já vem explorando essa região há algum tempo, mas ainda não divulgou a quantidade exata dessa reserva. Segundo matéria publicada na revista Super Interessante do mês de março “a Petrobras deverá atingir, em quinze anos, apenas no pré-sal, um volume de extração diária equivalente a tudo que a empresa obtém hoje”.


Com base nesta notícia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apoiou seu discurso falando no progresso, no futuro brilhante que está sendo reservado ao Brasil, caso forem tomadas decisões corretas.


Lula coloca o petróleo como ‘fonte sagrada’ de riquezas para o país. Em entrevista dada ao Jornal O GLOBO ele diz “Vi com os meus olhos e senti nas minhas mãos, na Plataforma P-34 da nossa querida Petrobras, o petróleo que começou a ser produzido no pré-sal. O que assisti ali foi o início de um dos enlaces mais simbólicos da vida deste país. A abertura de uma ponte direta entre riqueza natural e erradicação da pobreza. Iremos transformar uma riqueza perecível, como o petróleo e o gás, em fonte de riqueza perene e inesgotável para o povo brasileiro”. Com essa afirmação o presidente não só abre os olhos dos acionistas e investidores como insiste em lembrar àqueles que desacreditaram da importância da Estatal.


Alegar que isto é progresso para Brasil é possível. Certamente é fácil notar um elemento unificador, que provém de uma moral nacionalista que permanece há tempos dentro do Estado brasileiro. Ressaltando que o pré-sal já foi denominado, inclusive, como uma “dádiva de Deus”. Mesmo ainda não sabendo como irão administrar tais descobertas, o presidente instiga o povo a crer que somos o país do futuro, e, que esse será o salto que a economia necessita para progredir, fazendo – se valer de um discurso nacional – populista, como já foi visto há 40 anos.


O Estado denota a imagem de um símbolo de proteção da população, um patriotismo que passa da moral e chega ao emocional público. O economista ecológico Lester Brown afirmou para o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO que ”encontrar mais petróleo agora pode ser um indicador de progresso. Mas, até conseguir tirá-lo do fundo do mar, talvez ele já faça parte da história”. Contudo, o país não deve se perder nas promessas feitas a cerca do petróleo do pré-sal, nem manter todas as suas apostas nas fontes renováveis.


O governo estabeleceu que uma parte dos lucros do pré-sal irá para o ‘Fundo Social’, criado para aplicar a receita do petróleo em setores como educação, infraestrutura, ciência, tecnologia e meio ambiente. Agora resta saber se os planos do Estado em relação a essas riquezas serão realmente aplicados.


Fica fácil de compreender porque o brasileiro aderiu ao slogan de que nunca desiste. Mais uma vez, somos parte desse mesmo sentimento, de uma lealdade ilusória, que a todo o momento é transmitida de maneira sensacionalista, a fim de nos remeter a esse nacionalismo que realmente não leva a lugar algum.


Já tínhamos o carnaval, o futebol, agora somos ‘donos do pré-sal’. E daí?


Nesse momento, o que realmente importa são as decisões a cerca dessa nova fonte de renda e as consequências que estas trarão para a população brasileira de um modo geral.


Além de esperar por esse futuro tão próspero prometido pelo Estado, é chegada a hora do cidadão atentar-se a essas promessas e exigir que sejam realmente cumpridas sem atos de corrupção, de maneira regulamentada, correta, e, sobretudo com responsabilidade. Deixando esse 'orgulho nacional' um pouco de lado para abrir espaço ao que realmente importa: o papel de cada um de nós, cidadãos, nesse contexto.





Carlos Alberto

Dayana Holanda

Fernanda Galib

Mariana Ledo

Samia El Saifi

sábado, 20 de março de 2010

Futebol e eleições aumentam o sentimento nacionalista dos brasileiros

Ana Claudia Rodrigues
Camila Murari
Renan Carvalhais


2010 é ano de eleições e Copa do mundo, nada mais perigoso para aflorar o sentimento nacionalista dos brasileiros que, movidos pela paixão do futebol, se “esquecem” dos problemas do país e a importância da política no cotidiano de cada um. Todos os recentes escândalos envolvendo grandes políticos e autoridades do Brasil ganham pouca importância quando a grande massa de brasileiros tem seu poder compra aumentado e vive em um país que será sede do próximo mundial da Fifa e das Olimpíadas de 2016.

Os discursos do presidente Lula contribuem, também, para aumentar este sentimento que, quando exagerado, pode tornar toda uma nação alienada de sua realidade. É comum ouvirmos nosso presidente dizer, em visitas a outros países ou até mesmo durante viagens internas, que o futuro já chegou por aqui ou que em 10 anos o Brasil será uma das cinco nações mais ricas do mundo. O presidente apenas se esquece de dizer que a educação ainda é um problema cultura no Brasil e o tráfico tem sido a única alternativa para muitas crianças de comunidades carentes onde este “futuro” está longe de chegar. Mas voltemos ao futebol.

O futebol é ainda a cara do Brasil no mundo e é visto como uma guerra na qual não existem armas e a única finalidade é derrotar o adversário e fazer valer o poder do seu país. O engraçado é que a grande maioria dos brasileiros, e nós nos incluímos nesta parte, não canaliza esta mesma disposição para cobrar melhorias ou protestar contra a corrupção no país.
Todo brasileiro se diz patriota e que ama seu país, mas será que todo este “amor” não está apenas relacionado ao futebol e à imagem do país no exterior? Patriotismo não é apenas vestir verde e amarelo todos os dias.

Para entendermos as raízes do nacionalismo no Brasil temos que voltar nos tempos da colonização, no momento em que tivemos a proclamação da independência e a instituição da nossa República. O nacionalismo é uma doutrina, que vem do conceito de lealdade, sendo muito importante para Estado que necessita constantemente das aprovações do povo para tornar mais fácil seu governo.

Um caso mais recente é a descoberta do Pré-Sal. As pessoas se enchem de orgulho pelo país ter descoberto uma nova fonte de petróleo. O presidente Lula, obviamente, aparece com os nove dedos sujos de petróleo dando a entender que finalmente o petróleo do Brasil é nosso.
Não que realizar uma copa e uma olimpíada no Brasil seja uma coisa ruim, pelo contrário, o legado destes eventos ainda continuarão muito úteis para o país por muitos anos, mas o problema está em se alienar por estas conquista em detrimento de outros problemas que estão sendo varridos para debaixo do tapete como a corrupção, por exemplo.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Nacionalismo: Sentimento ou Identidade?




Falar do nacionalismo,é falar de sentimento,é falar de uma identidade introduzida politicamente para fortalecer o elo sobre os indivíduos com a sociedade.Passando também pela atitude dos membros que aproximam esta consciência quando buscam sustentar essa demarcação.

Enquanto muitos Estados são nações em algum sentido, existem várias nações que não são Estados completamente independentes.Como por exemplo a Catalunha,uma comunidade autonoma espanhola,situada dentro de um país,e mesmo inserida nestas condições,possui um idioma próprio ( catalão),costumes,ícones culturais e muita história.

A comoção que o nacionalismo desperta é algo como uma intensificação dos sentimentos para com tudo o que pertence à nação,gerando reações nem sempre tão positivas,como tudo aquilo que é excessivo. Atualmente existem muitos conflitos etnicos-culturais relacionados com este orgulho nacional. Podemos falar do povo Basco,que ocupa a região norte da Espanha,com o passar dos séculos enfrentaram diversas invasões,mas continuam mantendo e resistindo,para enfim preservar seus costumes. Através destes acontecimentos surgiu um grupo, originado do movimento socialista,mas conhecido como ETA(Euzkadi Ta Askatana),que significa Pátria Basca Liberdade,que há 36 anos luta pela sua autodeterminação.

Portanto pode-se afirmar que o nacionalismo exarcebado evoca reações radicais,de caráter etnico,aderindo a soberania como foco nas relações sociais existentes entre diversos povos,promovendo conflitos e discórdias.