segunda-feira, 31 de maio de 2010

A saga familiar de Leite Derramado


O capítulo 15 do livro Leite Derramado, traz dois trechos que ajudam a focar as atenções nos acontecimentos da época: "Com a minha entrada as duas desconversaram, passaram a falar da iminência de nova guerra na Europa, das levas de refugiados que aportavam no país diariamente: em Copacabana, Maria Violeta, só se ouve falar em alemão e polaco...".
Esse período é o período da Segunda Guerra Mundial, conflito de ordem política, militar, econômica, social e ideológica entre Alemanha e a Europa inteira. Os refugiados citados no texto, eram do mundo inteiro, onde alguns se fixaram no Brasil.
"Da babá ao portuguesinho do armazém, todos sabiam de sua mãe, desavorada, tinha partido sem deixar um bilhete ou fazer a mala. Mas abandonar uma criança ainda lactente, pequerrucha, de segurar debaixo do braço, isso não entrava na cabeça de ninguém, não fazia sentido, não podia ser."
A presença do capitalismo fica nítida. A diferença de classes, o pensamento de enriquecimento, do consumo deixam os pensamentos cheios de valores morais. O preconceito deixa seu rastro, pela maneira de vida da sociedade naquela época.
Basicamente, o livro traz na sua história, uma linhagem de ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senador da Primeira República, até chegar no tataraneto, um garotão do Rio de Janeiro atual.
Uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo como pano de fundo, a história do Brasil nos últimos dois séculos.
Stella Curzio

Nenhum comentário:

Postar um comentário